Há mais de 20 anos que a Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa organiza o Natal Diferente, uma iniciativa que leva um sorriso amigo àqueles que, sem a sorte de poderem passar o Natal em casa, estão internados nos hospitais de Lisboa.
A iniciativa acontece todos os anos, na manhã de 24 de dezembro. Os futuros médicos distribuem presentes e carinho às pessoas internadas.
O Canal Superior esteve à conversa com Joana Duarte e Leonor Figueira, coordenadoras gerais da edição deste ano.
Como nasceu a ideia de fazer um “Natal Diferente”?
A ideia de criar um “Natal Diferente” já surgiu há bastantes anos, ainda não éramos nós estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa. A vontade de continuar com este projeto moveu-nos a ambas desde o 1º ano do curso. Sendo o Natal um momento tão especial, em que todos valorizamos estar com a nossa família e amigos, partilhá-lo com quem por estar internado está impedido de o fazer, motivou-nos a perpetuar e a expandir este projeto. Para além disto e aliado à nossa motivação pessoal para fazer a diferença, reconhecemos a importância de atividades como o “Natal Diferente” para a nossa formação e crescimento enquanto futuros profissionais de saúde.
Tendo em conta que o curso não dura para sempre, como tem sido passado o testemunho entre gerações?
Este projeto é organizado pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa (AEFML). Esta funciona em mandatos anuais, havendo uma passagem de pasta entre os vários dirigentes para as edições consecutivas. Sendo este um projeto tão especial, é sempre planeado e organizado com o maior cuidado e tempo, tendo crescido significativamente nos últimos anos.
Algum dos antigos organizadores continua a participar na iniciativa?
A maior parte dos anteriores organizadores continua a participar neste projeto! O “Natal Diferente” tem vindo a ser um motivo de orgulho e de grande felicidade para a Comissão Organizadora do mesmo. A vontade e o motivo para a existência desta iniciativa, tornar este Natal mais especial para os doentes que ficam internados durante a época natalícia, move muitos estudantes de ambas as Faculdades Médicas de Lisboa e muitos sorrisos.
Qual é o balanço de tantos anos de “Natal Diferente”?
Este é um dos projetos mais antigos da AEFML e a sua evolução ao longo dos últimos anos é notória. Sentimos que este se tornou um projeto acarinhado e procurado pelos nossos estudantes, o que se tem revelado na crescente adesão de participantes. Aliado a isto, a possibilidade de abranger cada vez mais doentes nos diferentes hospitais das regiões de Lisboa, Setúbal e da Ilha da Madeira permite-nos ser ambiciosos e procurar continuar a expansão. Os sorrisos, os “obrigado”, os “Feliz Natal!” são, apesar de tudo, o maior balanço das edições do projeto. A possibilidade de os estudantes fazerem a diferença nesta quadra junto dos doentes internados é o maior balanço positivo dos últimos anos.
O que esperam em cada ano?
Principalmente nos últimos dois anos, tem vindo a ser procurada a expansão do “Natal Diferente”. No ano de 2016 foi criada a parceria com a Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Médicas (AEFCM), passando a abranger todos os estudantes de Medicina de Lisboa. Para além disso, foi a partir deste mesmo ano que passámos a abranger os hospitais do Centro Hospitalar Lisboa Central. Daqui, surge a revelação do potencial deste projeto. Deste modo, este ano procurámos solidificar a parceria estabelecida durante o ano passado e abranger além dos anteriores, novos hospitais incluindo os pertencentes ao Centro Hospitalar Lisboa Ocidental e, assim, também mais doentes. De um modo mais prático, todos os anos procuramos divulgar o projeto e investir na sua vertente de animação. A maior dificuldade assinalada e, consequentemente, um dos maiores objetivos de todas as edições, consiste na criação de parcerias que possam contribuir com alguns bens para serem oferecidos como presentes no dia da atividade.
Há alguma diferença assinalável que tenham notado ao longo dos anos?
A maior diferença assinalável nos últimos anos foi a possibilidade de abranger todos os estudantes de Medicina de Lisboa, através da parceria estabelecida com a AEFCM. Isso permitiu que o projeto tivesse números bastante superiores de participantes e que abrangesse um número cada vez maior de Hospitais e, consequentemente, um número tendencialmente superior de doentes.
Como é que as pessoas reagem?
As reações são bastante variáveis. É sempre com emoção que esta iniciativa é recebida pelos doentes. Alguns preferem não se expressar, alguns dificilmente contém as lágrimas, sendo que todos agradecem a presença e a companhia dos estudantes.
O que é o Natal, afinal?
O Natal é um momento muito especial e percecionado de um modo muito próprio por cada um. Na nossa ótica, o Natal vive de companheirismo, amizade, amor, conforto. É um momento em que as preocupações ficam de lado e as relações e os bons momentos entre a família e os amigos prevalecem. O Natal é o reviver de memórias. É por tudo isto que o nosso projeto funciona. Para que os alunos e seus familiares ou amigos possam partilhar um pouco do seu Natal com quem, por motivos de saúde, não o pode experienciar da mesma maneira. Esperamos que, através da nossa companhia, consigamos fazer com que um pouco deste sentimento chegue a todos os que passam pelo Natal Diferente.