Cientistas da FCTUC descobriram uma forma de facilitar a deteção de neutrões térmicos e assim ajudar a prevenir o contrabando de materiais radioativos. Os investigadores usaram boro como uma alternativa ao gás raro hélio-3.
Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra desenvolveu uma nova técnica que pode ser muito útil para prevenir o contrabando de materiais radioativos. Fernando Amaro, Cristina Monteiro e Joaquim Santos, do LIbPhys (Laboratório para Instrumentação, Engenharia Biomédica e Física da Radiação) criaram uma tecnologia para a deteção de neutrões térmicos.
Estes detetores «são equipamentos cruciais para prevenir o contrabando de armas nucleares e materiais radioativos, sendo por isso rotineiramente utilizados em inúmeras fronteiras espalhadas pelo planeta», explica Fernando Amaro. O investigador sublinha ainda que, até agora, «quase todos os sistemas usavam um isótopo extremamente raro do conhecido gás hélio, o hélio-3».
As reservas de hélio-3 são extremamente limitadas e «a elevada procura por este material, após os ataques do 11 de setembro» motivou vários programas a pesquisarem por alternativas, esclarece o cientista do LIbPhys. O trabalho, agora publicado, apresenta uma tecnologia que substitui este elemento por nanopartículas de boro, que também é capaz de detetar neutrões térmicos.
Porém, o boro não existe na forma gasosa e, desta forma, os investigadores necessitaram de criar um «gás artificial», dispersando nanopartículas deste elemento num gás comum. Assim foi possível criar uma «mistura gasosa» capaz de detetar neutrões térmicos.
«É uma ideia simples, mas inovadora e eficaz, com um grande potencial para revolucionar, no futuro, a deteção de neutrões», garante Fernando Amaro. Os resultados do estudo, que contou com a colaboração de investigadores do Paul Scherrer Institute (PSI), na Suíça, foram publicados na revista internacional do grupo Nature Scientific Reports.